Observações Sobre a Experiência do Suicídio

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Observações Sobre a Experiência do Suicídio

OBSERVAÇÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA DO SUICÍDIO

 

Introdução

O suicídio tem feito parte da história humana desde o seu princípio. Alguns dos nomes mais importantes da história universal praticaram o suicídio. Numa reportagem, o Jornal do Brasil fez a seguinte publicação: “Os imperadores Oton e Marco Aurélio se suicidaram, assim como Cássio, Brutus e Demóstenes. Artistas e filósofos tiveram igual destino: Sócrates – na verdade obrigado por lei a tomar cicuta – Petrônio, que abriu as veias, o estoico romano Sêneca. Cleópatra, do Egito, derrotada no amor e na política, teria escolhido o método mais original: deixou-se picar por uma áspide”[1]. Um brasileiro ficou ainda mais famoso ao também lançar mão do suicídio: Getúlio Vargas.

Na atualidade, o assunto continua sendo objeto de reportagens, através da televisão, do rádio, dos jornais, das revistas e das mídias sociais, noticiando casos ocorrendo em todas as partes do mundo. Como se fosse um fato inevitável na vida das pessoas, mais cedo ou mais tarde, um escritor chegou a lançar um livro, cujo título “Suicídio – modo de usar”, no qual procura orientar seus leitores na elaboração de coquetéis de substâncias e técnicas eficazes para que cometam o suicídio com êxito[2].

 

  1. Estatísticas

Recentemente a Organização Pan-Americana de Saúde publicou a seguinte reportagem: “O suicídio continua sendo uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicadas no relatório “Suicide worldwide in 2019”. Todos os anos, mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que HIV, malária ou câncer de mama - ou guerras e homicídios. Em 2019, mais de 700 mil pessoas morreram por suicídio: uma em cada 100 mortes”[3]. Os países com maiores taxas de suicídio no mundo na atualidade são: Lesoto (África), Guiana (América do Sul), Essuatíni (África), Coreia do Sul (Ásia), Kiribati (Pacífico), Micronésia (Pacífico), Lituânia (Europa), Suriname (América), Rússia (Eurásia), África do Sul (África)[4]. Em nosso país, um estudo apresentado pelo psiquiatra Humberto Muller informou: “No Brasil, acontece uma morte por suicídio a cada 45 minutos, mas para cada morte temos outras 20 tentativas. Os números são altos e preocupantes”[5].

 

  1. Causas

As reportagens noticiam como método de suicídio o envenenamento, enforcamento, arma de fogo – meios usados por homens, mulheres, jovens e adolescentes – cujas causas principais diagnosticadas são doença mental, desventura do amor e dificuldades financeiras. Infelicidade, desamparo, desesperança, desgosto, angústia, ansiedade, perdas tem sido revelados por pessoas quando conseguem deixar alguma comunicação antes de morrerem. Com as emoções abaladas e a mente afetada, as pessoas lançam mão do suicídio como meio de experimentar alívio, colocando um fim no sofrimento que não conseguem mais suportar. Não é que a pessoa tenha apego à morte, porém a pessoa vê a morte como o único meio de dar fim ao sofrimento, com o qual não consegue mais lidar, inclusive entre jovens e adolescentes. O psiquiatra Rui Saboia comentou: “mais do que morrer, o adolescente deseja viver livre dos problemas que o afligem e o suicídio aparece como alternativa mágica nos momentos de depressão”[6]. O suicídio seria o término do sofrimento.

 

  1. Sinais

Escrevendo sobre o assunto, o professor de Psicologia Vern A. Andress disse: “Acredita-se que o suicídio raramente é cometido como um ato impulsivo do momento, mas que seja ao contrário: um ato premeditado que amadureceu após longo período de incubação na mente”[7]. Isto significa que as pessoas comunicam através de vários sinais que estão pensando em se matar, muitas vezes pedindo ajuda. Os sinais a serem percebidos são os seguintes: repentina dificuldade para dormir; períodos de melancolia, perda súbita e inexplicável de apetite, peso e impulso sexual, assim como perda inexplicável de interesse pelo trabalho, pelo relacionamento com familiares e amigos; conversas frequentes sobre vontade de morrer, com preparativos para funeral, apólices de seguro, testamento, com doação de objetos de estimação; interpretação da vida como sem propósito e sentido; sentimentos desorganizados de culpa e vergonha; comportamentos imprudentes e perigosos sem se importar com as consequências. Um quando clínico de depressão  está sujeito a levar pessoas ao suicídio[8].

 

  1. Prevenção

O dia 10 de setembro de cada ano passou a ser considerado como o “Dia Internacional da Prevenção do Suicídio” (Setembro Amarelo) e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% dos casos de suicídio poderiam ser evitados[9]. Com esse objetivo, várias organizações foram criadas e tem oferecido seus serviços, inclusive voluntariamente. As igrejas cristãs podem também atuar na prevenção do suicídio, principalmente ao apresentar Jesus Cristo como aquele que concede alívio e descanso, conforto nas tribulações, sentido, significado e valorização da vida, coragem e força para vencer as lutas, paz no coração, alegria no espírito, perdão de pecados, esperança quanto ao futuro.

Se a religião não é suficiente para prevenir o suicídio, pois pessoas religiosas chegam até mesmo a lançar mão do suicídio consciente, como Jim Jones (nas Guianas), como indígenas que o fazem para sacrifício aos deuses, espiritualistas que a ele recorrem por desorganização da mente e como personagens bíblicos que o praticaram no passado (Sanção, Saul, Aitofel, Zinri, Judas) e no presente (lideres cristãos)[10], somente a experiência pessoal verdadeira da fé em Jesus Cristo poderá evitar o suicídio. Por outro lado, por mais que teorias religiosas sobre o pós morte possam tambem ser ferramentas psicológicas para amedrontar e inibir os suicidas, a genuína e verdadeira experiência com Jesus Cristo proporciona um outro efeito. Em vez de amedrontar, ele proporciona o alívio que a pessoa precisa e promete lhe conceder o suprimento de todas as suas necessidades. Nesse sentido, principalmente os crentes em Jesus Cristo tem recursos espirituais para lidar com o sofrimento, culpa, esgotamento, sobrecarga, angústia e outros reveses, antes que se estabeleça um quadro clínico de depressão, quadro esse que somente poderá ser tratado através da medicina e da intercessão espiritual.

Conclusão

Raramente alguém pratica o suicídio por amor à morte, num gesto masoquista e mórbido. Na maioria dos casos, o suicídio é interpretado como único meio de encerrar algum tipo de sofrimento ou consequência de uma depressão não tratada clinicamente. A morte seria o.unico meio de experimentar alívio. Por isso, é preciso preventivamente mostrar Jesus Cristo como alternativa que proporciona alívio ao sofrimento, através de uma fé genuína nele exercida. A experiência pessoal com Jesus Cristo dá elementos espirituais para que as pessoas saibam como lidar com o sofrimento, além de garantir a salvação eterna.

 

Autor: Edson Raposo Belchior

 

BIBLIOGRAFIA

ADAMS, Jay. Conselheiro Capaz. São Paulo, Editora Fiel Ltda., 1977.

BERG, Van Den. Pequena Psiquiatria. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1970.

BERTOLOTE, José Manoel. O Suicídio e Sua Prevenção. São Paulo, Editora Unesp, 2013.

CRABB, Lawrence Jr. Princípios Básicos de Aconselhamento Bíblico. Brasília, Refúgio Editora Ltda., 1984.

DURKHEIM, Emile. O Suicídio. São Paulo, Martins Fontes, 2019.

LEON, Jorge A. Psicologia Pastoral para todos los criatianos. Panamá, Editorial Caribe, 1984.

RAMM, Bernard. Dicionário de Teologia Contemporânea. El Paso, CBP, 1975

REFERÊNCIAS:

[1] Jornal do Brasil, 13/09/1973, Caderno B, pg. 1.

[2] GUILON, Claude. Suicídio – Como Usar. Lisboa, Editora Antígona, 1990.

[3] https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2021-uma-em-cada-100-mortes-ocorre-por-suicidio-revelam-estatisticas-da-oms

[4] https://www.megacurioso.com.br/politica/91732-os-10-paises-com-as-maiores-taxas-de-suicidio-do-mundo.htm

[5] https://www.camara.leg.br/noticias/818779-numero-de-suicidios-no-brasil-e-no-mundo-e-preocupante-diz-psiquiatra/

[6] Jornal O Globo, 14/10/1984, pg. 18.

[7] Revista Vida e Saúde, 1977, pg. 7-9.

[8] BERG, Van Den. Pequena Psiquiatrias. São Paulo, Editora Mestre Jou, 1970.

[9] https://www.tcrclinica.com.br/noticias/7-sinais-de-comportamentos-suicidas-que-voce-pode-identificar

[10] https://sepal.org.br/suicidio-de-pastores-e-lideres-uma-reflexao-necessaria/