Atuação de Líderes Religiosos do Namoro Ao Casamen

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Atuação de Líderes Religiosos do Namoro Ao Casamen

ATUAÇÃO DE LÍDERES RELIGIOSOS DO NAMORO AO CASAMENTO

 

Introdução

A maioria das pessoas que está envolvida com o assunto sentimental do namoro, noivado e casamento, além das atitudes naturais e intuitivas, procuram orientações em conversas com amigos, em sites de relacionamentos, em leitura de livros, jornais e revistas, em consultas a profissionais especializados, a fim de que possam viver essa experiência da melhor maneira possível.

Pensando especificamente na atuação de líderes religiosos, que naturalmente participam dos vários momentos vividos pelas pessoas que fazem parte de suas comunidades, Stanley Anderson escreveu que entre as 10 classes de pessoas que precisam dessa assistência estão as que vivem a experiência do namoro, noivado e casamento: “O Conselho pré-nupcial deve ser uma pressuposição de todos os ministros. Alguns pastores até se recusam a celebrar a cerimônia se não tiverem a oportunidade de ministrar conselhos previamente. A maioria dos jovens precisa de conselhos pré-nupciais e deve ser estimulada a procura-los, antes mesmo do compromisso com o casamento. As questões de devem ser discutidas são as seguintes: a fé religiosa dos pretendentes, as origens das famílias, o nível de educação, os interesses culturais, as preocupações recreativas, a compatibilidade de gênios e os ajustamentos econômicos”[1]

Continuando na mesma linha de pensamento, o Dr. Gary Collins escreveu sobre a participação de líderes religiosos na vida sentimental das pessoas: “Qualquer ocasião quando um dirigente tem a oportunidade de falar a um grupo de jovens sobre o matrimônio, noivado ou a questão do sexo do ponto de vista cristão, encontra-se de fato numa forma de orientação pré-nupcial. A maioria dos jovens e adultos solteiros tem um interesse vital por suas relações com outro sexo. A iniciar uma interação co0m um grupo de jovens, o dirigente de uma igreja tem a oportunidade de oferecer orientações práticas, de assinalar quais são as orientações bíblicas e de mostrar quais são os valores e ideias que poderão ajudar uma pessoa que nessa idade está adquirindo seus próprios pontos de vista sobre o matrimônio”[2].

 

  1. Agamia Contemporânea

Um dos aspectos que tem sido observado nos últimos tempos, inclusive objeto de estatística, diz respeito à quantidade de pessoas que não está interessada em namoro, noivado e casamento no modelo tradicional e nem em qualquer outro modelo relacional contemporâneo. Esse fato tem sido chamado de agamia. Esta palavra vem do grego, cujo significado é “não casar”. Na experiência que está acontecendo hoje em dia, também está incluída a decisão de não ter filhos.

Os censos realizados nos últimos anos mostraram um número crescente de pessoas morando sozinhas. De acordo com o último censo, em 2023, o número de pessoas solteiras (81 milhões) já é maior do que o número de pessoas casadas (63 milhões), no país[3]. A agamia é uma atitude que vai além da experiência de estar solteiro: “A diferença entre agamia e estar solteiro é que o solteiro é solteiro independentemente do seu desejo, o agâmico está dizendo: “eu quero estar solteiro”, explicou Heloisa Buarque de Almeida, professora do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH)”[4].

De qualquer maneira, mesmo que a agamia seja uma tendência crescente também, ainda é muito grande o número de pessoas que se interessa por namoro, noivado e casamento, principalmente nas comunidades religiosas. Isto significa que o papel do líder religioso na atuação como conselheiro pré-nupcial continua sendo relevante.

 Interesse Divino

De acordo com os textos bíblicos, Deus é o mais interessado em que o homem esteja comprometido com uma mulher, salvo exceções também mencionadas na Bíblia, principalmente porque foi o autor dessa experiência humana. Deus disse: “Não é bom que o homem viva sozinho. Vou fazer para ele alguém que o ajude como se fosse a sua outra metade” (Gênesis 2.18 NTLH). Essa obra divina foi feita com base em vínculos sentimental e sexual, unindo um homem e uma mulher. Depois, ao longo da história bíblica, os relatos vão fazendo referência a vários casais que uniram e constituíram famílias a partir desse ato de Deus. No Novo Testamento, Jesus Cristo confirmou essa experiência, sua origem e acrescentou sua indissolubilidade, o que foi também ensinado pelo apóstolo Paulo, salvo exceções.

O papel do líder religioso nesse assunto foi visivelmente exercido pelo apóstolo Paulo junto às primeiras comunidades cristãs, inclusive a partir do próprio interesse das comunidades em saber suas orientações. Ele começou seu aconselhamento sobre namoro, noivado e casamento, escrevendo: “Ora, quanto às coisas que me escrevestes...” e prosseguiu ao longo do capítulo sete da carta aos coríntios.

Em nossos dias, à luz da nossa cultura e práticas, a relevância do atuação por parte da liderança religiosa inclui aconselhamento a respeito das bases sobre as quais devem ser estabelecidos os relacionamentos. Infelizmente não faltam exemplos de relacionamentos que tiveram como motivações o sexo precoce, a gravidez inesperada, os conflitos familiares, os determinantes financeiros, o engano da paixão, o liberalismo moral, a influência social. Infelizmente, o relacionamento com base no amor mútuo e o considerar a vontade de Deus se tornam motivações raras. São os líderes religiosos, com fundamento na Bíblia, que irão ensinar que o amor é um sentimento espiritual, originário em Deus, acentuando que “O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha” (I Coríntios 13.4-8).

 

  1. Limites responsáveis

Mediante transcrição da autora de um livro sobre orientação sexual, uma consulente lhe escreveu uma carta, compartilhando o que estava vivenciado. Nessa correspondência, a consulente escreveu: “Durante uns seis meses no namoro, nós começamos a ter intimidades. A cada dia que se passava, nossos desejos aumentavam. Será que tudo isso não tem problema para um casal de namorado? Será que fiz mal em ter deixado chegar a esse ponto? Será que um namoro, quando duas pessoas se amam, só pode ter braços e beijos e nada mais?”[5].

Partindo do pressuposto de que poderiam existir milhares de cartas semelhantes a esta e também partindo do pressuposto de que os limites estabelecidos por cada casal em seu namoro, noivado e casamento são exclusivamente de sua privacidade, não se pode, todavia, negar que os valores e princípios cristãos de convivência estabelecidos na Bíblia estão cada vez mais distantes da sociedade contemporânea, como também em outros momentos da história. Por isso, exatamente por esse motivo, respeitando a privacidade dos casais, mas sendo porta-vozes da vontade de Deus, os líderes religiosos precisam exercer seu papel, inclusive considerando as dúvidas angustiadas dos que buscam uma vida de santidade. Os limites não serão exercidos pelos líderes religiosos, mas por cada casal em sua autonomia consciente, a partir dos conteúdos claros e norteadores que lhes serão ministrados, seja através da pregação, do ensino ou do aconselhamento, em linguagem caracterizada pela ética, pelo pudor, pelo bom senso e pelo respeito. Aliás, com essa finalidade, vários profissionais cristãos na área da terapia e psicologia tem escrito sobre esses temas.

 

  1. Busca da felicidade

Um dos aspectos que os líderes religiosos devem considerar no acompanhamento aos casais diz respeito ao desejo deles em experimentarem felicidade no matrimônio. Isto quer dizer que ninguém casa para viver num inferno, salvo os que têm personalidade doentia. Por isso, antes da chegada da infelicidade que leva às separações, os líderes religiosos devem considerar como objeto de sua atuação as situações que já foram apontadas como causadoras de problemas relacionais.

Uma dessas situações é a desaprovação ou intromissão dos pais na escolha dos filhos, por mais que a recomendação bíblica seja da formação independente do casal: “deixará o pai e a mãe e se unirá à sua mulher”. Às vezes os pais estão intuitiva ou racionalmente corretos na percepção antecipada de problemas futuros, mas outras vezes a desaprovação ou intromissão dos pais revela dependência emocional dos filhos, isto é, imaturidade para o casamento, inclusive na falta de sabedoria em escolher o futuro cônjuge.  Os filhos não estariam preparados em vários aspectos para “cortar o cordão umbilical” ou “sair da barra da saia da mãe”.  Quando o problema está na atitude invasiva dos pais, os líderes religiosos promovem essa conscientização e os acompanham no processo de permitir que os filhos se casem.

Outro aspecto já constatado na percepção da incompatibilidade de gênios, expressão criada para explicar dificuldades no relacionamento, é a divergência assumida de crença religiosa. Neste caso, embora a Bíblia mencione os exemplos de Moisés (Êxodo 16-21) e de Eunice (II Timóteo 1.6), existem muitas experiências nas quais prevalece a intolerância cerceadora da liberdade religiosa, assim como desentendimento na orientação educacional dos filhos. A pressuposição de que a diferença religiosa não seria problema no casamento não acontece e, os outros motivos que justificaram as núpcias, deixam de ser suficientes para lidar com o inferno que se cria. Nestas situações, a atuação dos líderes religiosos ocorre muito mais na prevenção do que na intervenção.

Também existe por parte de um dos dois a possibilidade de ter fantasias, ilusões, idealizações que sucumbem diante da realidade da vida. Piora a situação quando essas pessoas se sentem traídas ou enganadas, em vez de reconhecerem que pensavam no casamento como um conto de fadas com varinha mágica. Outra maneira de enxergar essa atitude é falta de maturidade, visível quando as pessoas exigem as coisas do seu jeito, quando reagem às frustrações com emburramento ou birra, quando culpam os outros pelas ocorrências desagradáveis, quando não mostram consideração e simpatia pelo outro, quando não aprendem com os erros cometidos, quando interpretam tudo pelo lado pessoal, quando lançam mão de chantagem emocional[6] . Por se tratar de um problema de cunho psicológico, uma opção do líder religioso é contar com apoio de profissionais da área, através de terapias associadas ao aconselhamento.

 

Conclusão

Uma declaração que se tornou famosa a respeito da maneira correta de vive o amor a dois foi escrita no livro “O Pequeno Príncipe”, de autoria de Antoine Exepéry. A declaração diz: “A vida nos ensinou que o amor não consiste em olhar um para o outro, mas sim olharem juntos para fora na mesma direção”.

Embora várias direções possam ser sugeridas aos casais, cabe ao líder religioso levar os casais a olharem na direção de Jesus Cristo, afim de que possam ser ajudados em suas necessidades, em cada dia. Através da conversão, da consagração e da intercessão, Jesus Cristo tem transformado muitos lares e abençoado muitas famílias.

 

Autor: Edson Raposo Belchior

 

Bibliografia

ADMS, Teodore. Para Ser Feliz no casamento. Rio de Janeiro, Juerp, 1979.

ANDERSON, Stanley. Cada Pastor Um Conselheiro. Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1983.

COLLINS, Gary. Orientación Psicológica Eficaz. Caribe, Editoria Caribe, 1987.

COLLINS, Gary. Ajudando Uns aos Outros pelo Aconselhamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1982.

CRABB Jr., Lawrence. Princípios Básicos de Aconselhamento Bíblico. Brasília: Edições Refúgio,1984.

JOHNSON, Eric L. Aconselhamento Cristão. São Paulo, Editora Vida Nova, 2021.

LAHAYE, Tim. Casados, Mas Felizes. São José dos Campos, Editora Fiel, 1992.

 

 

 

 

[1] ANDERSON, Stanley. Cada Pastor Um Conselheiro. Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista, 1963, pg. 32.

[2] COLLINS, Gary. Orientación Psicológica Eficaz. Caribe, Editoria Caribe, 1987, pg. 86

[3]https://jornal.usp.br/atualidades/agamia-a-nova-forma-de-relacionamento-que-vem-crescendo-entre-os-jovens/.

[4]https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/05/10/o-que-e-agamia-termo-define-tendencia-de-relacionamentos.ghtml.

[5] SUPLICY, Marta. Conversando Sobre Sexo. Círculo do Livro. São Paulo, 1983, pg. 70;

[6]https://www.protagonizecursos.com.br/blog/autoconhecimento/maturidade/.