CRISTAOS PRESOS NO BRASIL
Tanto as pesquisas mais antigas, quanto as mais recentes mostram que, entre a população carcerária no Brasil, existe um determinado percentual de católicos e evangélicos. Certamente que pesquisas a serem realizadas sobre as razões de estarem presos vão mostrar que, à semelhança de outros presos de outras religiões ou ateus, eles também cometeram vários crimes que estão previstos no Código Penal Brasileiro.
Juntando-se a essa multidão de presos considerados cristãos, outra quantidade de pessoas, também identificada como cristã, no ano de 2023, foi colocada no presídio, acusada especificamente de ter cometido atos antidemocráticos. Esses atos estão previstos no artigo 286 do Decreto Lei 2848, que dispõe sobre “incitação animosidade entre as Forças Armadas contra os poderes constituídos”. Também o artigo 359-M, do Código Penal, que fala em “tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça o governo legitimamente constituído”. Ainda o artigo 359-L, que estabelece “tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais”. Esses crimes estariam presentes por ocasião das manifestações da multidão, em 8 de janeiro, que culminaram com o vandalismo contra os prédios dos três poderes. O Superior Tribunal Federal estabeleceu, em sua decisão, que tais atos colocavam a democracia em perigo, tanto nas manifestações que pediam a intervenção militar, quanto nas manifestações que resultaram na invasão e vandalismo nos prédios dos três poderes. Na aceitação das denúncias feitas, os acusados se tornaram réus e “por maioria, o colegiado seguiu o entendimento do ministro Alexandre de Moraes no sentido da existência de indícios razoáveis de autoria e da materialidade dos crimes. Para ele, as peças apresentadas pela PGR detalharam adequadamente os fatos criminosos, com todas as suas circunstâncias, a qualificação dos acusados e a classificação dos delitos” (https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=506201&ori=1).
Não se pode negar que os fatos existiram. Realmente no meio de uma multidão de pessoas, vários cristãos se fizeram presentes para pedir intervenção militar. Se não fizeram parte daqueles que praticaram vandalismo nos prédios dos três poderes, inegavelmente tinham a expectativa de que os militares tomassem o poder e revertessem o quadro político e jurídico que até então estava prevalecendo. Uma interpretação da atitude desses cristãos entende que eles só estavam se manifestando democraticamente ao pedir a intervenção militar, como livre manifestação. Não estavam empregando violência e nem grave ameaça, porém apenas se manifestando.
De qualquer maneira, realmente os cristãos fizeram parte desse movimento que, se tivesse ocorrido por parte dos militares, teria interrompido a democracia vigente no país. O que, todavia, ninguém comenta é que essa multidão de brasileiros foi às ruas para pedir intervenção militar, em razão de estar decepcionada com atos jurídicos, políticos e jornalísticos que passaram a prevalecer no país. Essa multidão sentiu-se impotente diante da decisão judicial de libertar Luiz Inácio Lula da Silva, depois de ter sido condenado por vários juízes em três instâncias. Essa multidão sentiu-se impotente diante da mídia oficial que, influenciada pela maioria de jornalistas da esquerda, tudo fez para promover a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente. Essa multidão sentiu-se impotente diante da omissão do Congresso Nacional em se posicionar, diante das arbitrariedades que ocorriam. Essa multidão se sentiu impotente diante da inegável fragilidade do então presidente Jair Messias Bolsonaro no confronto que tentava fazer ao STF e ao Congresso. Essa multidão sentiu-se impotente diante da realidade de que o processo eleitoral não impediu a eleição de Luiz Inácio Lula Da Silva nas urnas.
Vivenciando essas impotências nessas várias situações, a única alternativa vista por essa multidão de brasileiros era contar com os militares para reverter o quadro, assumindo o poder e estabelecer novas diretrizes. Os cristãos, esquecendo quem eram, seguiram essa multidão e também foram para a frente dos quartéis e participaram das manifestações. Os cristãos, em vez de encherem os templos de suas igrejas para clamarem por socorro a Deus, o Todo-poderoso, saíram das igrejas e foram para as ruas. Seus líderes religiosos, em vez de orientá-los a buscar Deus, em orações e jejuns, nos templos, não tiveram essa atitude e, alguns, conforme depoimentos prestados à Polícia Federal, tornaram-se estimuladores de caravanas para manifestação política, inclusive com financiamento de ônibus para conduzir os fiéis (https://www.folhape.com.br/politica/evangelicos-presos-durante-ataques-golpistas-em-janeiro-dizem-a-pf-que/261972/). Esses cristãos deixaram-se levar por seus líderes religiosos, que, ao invés de pregarem a Cristo Jesus nas concentrações, como sempre fizeram os evangelistas, passaram a “endeusar” um político, que passou a ser aclamado como “mito”, “o cara”, o “messias” salvador da pátria e da família.
Presos, respondendo a processos e condenados junto com a multidão de bolsonaristas, esses cristãos vivem uma amarga experiência, tanto pela frustração dos seus sonhos, quanto pelos sofrimentos emocionais e físicos que vivem, sob a consequente decisão judicial.
Apesar de tudo o que passaram e de claramente não terem sido atendidos em suas orações a Deus, pois realmente não estão glorificando a Jesus Cristo, continuam sendo manipulados politicamente por líderes religiosos e voltam às ruas para se manifestarem contra os acontecimentos. Infelizmente, todavia, nas ruas não estão glorificando a Jesus Cristo, através de pregações evangelísticas, nem estão nos templos como os mesmos objetivos. Não perceberam ainda que estão pecando contra Deus ao endeusarem homens no lugar de Jesus Cristo.
Minha oração é que sejam perdoados, socorridos e iluminados pelo Pai Celestial, principalmente para que “caiam em si” e clamem por misericórdia. Minha oração é que nosso país possa ser abençoado por Deus e o nome de Jesus Cristo seja exaltado também nos dias atuais e futuros. Minha oração é que os cristãos voltem às ruas e encham os templos no objetivo de evangelizar, proclamando o nome de Jesus Cristo, lembrando as palavras de Paulo e Pedro, apóstolos: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. “Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai”. (Atos 4.12: Filipenses 2.10,11).
Edson Raposo Belchior, autor.